Indicação Como se preparar para o procedimento Exames Pré-operatórios Como é o procedimento Anestesia Período de Internação Cicatriz Curativos Pontos Recuperação Pós-Cirúrgica Evolução Pós-Cirúrgica Riscos Potenciais Benefícios
A abdominoplastia pós-bariátrica envolve a retirada de determinadas quantidades de pele e gordura residuais pós-emagrecimento. Dependendo da quantidade de excesso de pele presente, a abdominoplastia pode envolver apenas uma cicatriz horizontal logo acima dos pelos pubianos, estendendo-se até a porção mais lateral do abdome, ou então uma abdominoplastia circunferencial, a qual estende-se até o dorso e faz a volta ao redor do corpo, ou ainda a chamada abdominoplastia em âncora, a qual apresenta, além da cicatriz horizontal, uma cicatriz vertical na região anterior do abdome.
Estes diferentes tipos de abdominoplastia podem ser complementados com a lipoaspiração, para obtenção de um contorno abdominal mais harmonioso. Um exame físico detalhado para quantificar os excessos de pele e gordura é necessário para avaliar qual a melhor técnica cirúrgica.
Uma das principais preocupações na abdominoplastia é como ficará o aspecto do umbigo. Para saber melhor a respeito sobre a cirurgia plástica do umbigo, clique aqui .
As indicações para abdominoplastia pós-bariátrica incluem os pacientes que se encontram insatisfeitos com a aparência do seu abdome devido a flacidez de pele e abaulamentos ou deformidades do contorno corporal na região. É comum que pacientes pós-bariátricos apresentem uma pele pendurada na região (abdome em avental). Tais pacientes frequentemente também sofrem de uma flacidez de pele na parte superior do umbigo, a qual pode até mesmo provocar dobras de pele na região e serem acompanhadas por um abaulamento no local.
Idealmente pacientes candidatas a abdominoplastia pós-bariátrica devem apresentar um Índice de Massa Corporal (IMC) inferior a 35 Kg/m2 (Para calcular seu IMC clique aqui ). Recomenda-se aguardar pelo menos um ano da cirurgia bariátrica e a estabilidade do peso antes de se iniciar o tratamento com cirurgias plásticas. Considera-se peso estável uma variação inferior a 5 Kg no peso por pelo menos 6 meses.
Figura mostrando alterações estéticas na região abdominal, com flacidez moderada e dobras de pele acima do umbigo, indicativas de uma abdominoplastia.
Além disso, é importante avaliar se o(a) paciente está em condições para realizar a cirurgia com segurança . Também é importante avaliar se o(a) paciente está bem do ponto de vista psicológico para fazer o procedimento.
O(a) paciente deve passar em consulta com o dr. Juan Montano , realizar exames pré-operatórios, assim como definir um hospital de sua escolha e data do procedimento para o agendamento da sua cirurgia. É necessário jejum antes da cirurgia.
Também é preciso evitar o uso de certos medicamentos que podem aumentar o risco de sangramento, como aspirina, cerca de 7 dias antes da cirurgia. Alguns medicamentos, como a sibutramina, precisam ser suspensos 15 dias antes da cirurgia. Para uma lista completa dos medicamentos a serem evitados, clique aqui .
Convém não fumar nem usar anticoncepcionais orais pelo menos 1 mês antes da cirurgia. Outras recomendações para a preparação para cirurgia podem ser obtidas aqui
É possível que seja recomendado para a(o) paciente o uso de um suplemento alimentar chamado IMPACT®, da Nestle . Trata-se de um suplemento alimentar que contém proteínas, vitaminas e minerais que deve ser tomado na dose de 500 ml ao dia, iniciando-se 7 dias antes da cirurgia. Estudos de revisão demonstraram que tal suplemento reduziu infecções cirúrgicas, tempo de internação hospitalar e taxas de readmissão no hospital. (1) Para maiores informações sobre este suplemento, clique aqui .
Checklist para a véspera e o dia da cirurgia:
o Jejum. Para ver o tempo apropriado de jejum, clique aqui.
o Caso tenha consulta na véspera da cirurgia para a marcação, leve um traje de banho que goste de usar para ajudar a fazer a marcação cirúrgica.
o Não ingerir bebidas alcóolicas na véspera da cirurgia
o Trazer todos os seus exames
o Trazer sua medicação habitual
o Vestir a meia anti-trombose
o Trazer a cinta/malha (caso não a tenha adquirido conosco)
o Trazer objetos de higiene pessoal (escova de dente, escova de cabelo, etc), chinelo e uma roupa confortável (blusas largas com botão na frente, calças largas) e fácil de vestir para quando for de alta
o Não levar jóias ou outros objetos de metal
o Não usar maquiagem/esmalte
o Não usar megahair ou qualquer aplique no cabelo/cílios
o Tomar sua medicação normalmente com o mínimo de água (salvo se foi alertado algo ao contrário em consultas prévias)
o Internar 2h antes da cirurgia
Em geral, para esta cirurgia solicitam-se os seguintes exames: exames de sangue (hemograma, coagulograma, sódio, potássio, creatinina, glicemia, proteína C reativa, homocisteína, anticoagulante lúpico, ferritina), exame de urina, Raio-X de tórax e eletrocardiograma. É comum também a solicitação de um ultrassom de abdome e da parede abdominal.
Uma vez que o aspecto nutricional é de grande relevância no paciente pós-bariátrico, recomenda-se que sejam colhidos os seguintes exames laboratoriais: Vitaminas B1, B6, B12, folato, cálcio, zinco, albumina, e as vitaminas A, D, E e K.
Quando, além da abdominoplastia, a lipoaspiração do abdome também é indicada, o procedimento se inicia através da lipoaspiração da região abdominal. As incisões da lipoaspiração são feitas na pele que será posteriormente removida durante a abdominoplastia, portanto o paciente não fica com cicatrizes do procedimento da lipoaspiração. Após a realização da lipoaspiração, o procedimento de abdominoplastia pós-bariátrica é realizado.
Em casos em que o paciente pós-bariátrico não apresenta excesso de pele exagerado, é possível a realização da abdominoplastia pós-bariátrica como uma abdominoplastia tradicional. A abdominoplastia pós-bariátrica é iniciada através de uma incisão horizontal logo acima dos pelos pubianos, estendendo-se até a porção mais lateral do abdome (Figura 1).
A pele e o tecido gorduroso abaixo da pele são descolados até a altura do umbigo. O umbigo é solto da pele, preservando o seu coto original (Figura 2).
O descolamento da pele prossegue até atingir o nível próximo da altura das costelas, expondo assim todo o tecido que envolve a musculatura do abdome chamado aponeurose. A aponeurose geralmente encontra-se enfraquecida, fazendo com que os dois feixes de músculos da parte central do abdome fiquem mais separados um do outro. Esta separação é chamada de diástase dos músculos reto-abdominais e pode ser uma das causas do chamado “estômago alto”.
Vários pontos são feitos na aponeurose para reaproximar a musculatura, corrigindo a separação que ocorre entre os músculos abdominais e propiciando assim um abdome mais “chapado” (Figura 3).
O excesso de pele abdominal que se encontra entre o corte e a altura do umbigo é puxado para baixo e retirado. A pele do abdome que fica é então suturada junto ao primeiro corte da cirurgia (Figura 4).
Uma nova abertura para o umbigo é feita na pele (Figura 4). A pele ao redor desta abertura é suturada no coto do umbigo original (Figura 5). Ao término da cirurgia é frequente a colocação de um dreno . O tempo cirúrgico é de cerca de 4 horas.
Figura 1 Incisão da abdominoplastia
Figura 2 Descolamento da pele e soltura do umbigo
Figura 3 Correção da diástase dos músculos retoabdominais
Figura 4 Remoção do excesso de pele
Figura 5 Fechamento da abdominoplastia
Pacientes pós-bariátricos que evoluíram com excesso de pele abundante na região abdominal anterior podem ter indicação de uma retirada de pele tanto no sentido vertical como no horizontal, configurando a chamada abdominoplastia “em âncora”, nome dado devido ao desenho da marcação lembrar a figura de uma âncora.
Nesta cirurgia o novo umbigo é feito de forma diferente. Pequenos retângulos de pele são feitos próximos do excesso de pele vertical que será retirado e o novo umbigo é feito com estes retângulos de pele. Desta forma, não existe cicatriz ao redor das laterais do umbigo e o aspecto final do umbigo é mais bonito.
Figura ilustrando como o umbigo é confeccionado em uma abdominoplastia em âncora.
Alguns pacientes pós-bariátricos podem apresentar também sobras de pele abundantes nas laterais do abdome que se estendem para a região das costas. Tais pacientes frequentemente apresentam também uma ptose (queda) da região do bumbum.
Em tais casos costuma-se indicar uma abdominoplastia em que o corte se estende para as laterais até se unir no meio das costas, removendo um grande excesso de pele em toda a circunferência do paciente. Isso também ajuda a melhorar a queda do bumbum.
Este tipo de abdominoplastia é chamada de abdominoplastia circunferêncial (abdominoplastia 360 graus).
Figura ilustrando a marcação das incisões da abdominoplastia circunferencial.
Anestesia geral. Para maiores informações sobre anestesia, clique aqui .
24 horas.
Na abdominoplastia pós-bariátrica onde é possível realizar a abdominoplastia convencional, a cicatriz horizontal fica localizada logo acima dos pelos pubianos, estendendo-se até a porção mais lateral do abdome, assim como uma pequena cicatriz no umbigo, planejada para ficar disfarçada dentro do próprio umbigo.
Já na abdominoplastia em âncora, além da cicatriz horizontal, há uma cicatriz vertical no meio do abdome, que se estende desde a transição entre o tórax e o abdome até a região pubiana.
Na abdominoplastia circunferencial, a cicatriz horizontal acima dos pelos pubianos se estende para a região das costas, unindo-se com a cicatriz do lado oposto logo acima do bumbum, contornando toda a circunferência do(a) paciente.
Um curativo impermeável é colocado nos locais das incisões e permanecerá sem necessidade de troca por 1 semana, sendo realizados curativos simples nas 2 semanas seguintes, seguido do uso de uma placa de silicone por três meses.
É recomendado passar na pele um produto chamado bio-oil já nos primeiros dias após a cirurgia. Haverá uso de malha de compressão nos primeiros 30 dias.
Na maioria dos casos não há retirada de pontos na cicatriz horizontal ou vertical, apenas na região umbilical, os quais são retirados com 1 a 2 semanas.
Um dreno poderá ser usado, o qual é comumente retirado 5 a 7 dias após a cirurgia.
Após a abdominoplastia pós-bariátrica, é importante manter um repouso relativo por 2 a 3 semanas, podendo fazer apenas pequenas caminhadas dentro de sua residência. Neste período o(a) paciente deverá evitar esforços físicos, dirigir, dormir de bruços, expor-se desnecessariamente ao ambiente externo e andar com passos curtos.
Alguns cuidados devem ser tomados para sair e se deitar na cama .
Já é possível tomar banho no dia seguinte a cirurgia. Drenagens linfáticas são recomendadas no período pós-operatório.
Orienta-se que o paciente pratique alguns exercícios respiratórios, para evitar complicações. Exercícios para ativar a circulação das pernas também são recomendados. Também se recomenda que o paciente faça uma alimentação balanceada .
Atividade física leve deve ser iniciada somente após 30 dias e atividades mais intensas após 2 a 3 meses. Recomenda-se evitar dormir de bruços nos primeiros 30 dias após a cirurgia. Exposição ao sol é apenas recomendada após 3 meses da cirurgia.
Caso a abdominoplastia pós-bariátrica realizada tenha sido similar a abdominoplastia tradicional ou a abdominoplastia em âncora, para dormir orienta-se colocar almofadas/travesseiros nas costas, ajudando a elevar o tronco, e por baixo dos joelhos, para levantar as pernas e não forçar a cicatriz.
Figura mostrando posição adequada para dormir no pós-operatório da abdominoplastia pós-bariátrica, quando a abdominoplastia realizada for similar a abdominoplastia tradicional ou em âncora.
Pode haver inchaço, equimoses (pele de coloração roxa) e leve desconforto nas primeiras duas semanas.
A cicatriz cirúrgica passa por diferentes fases:
A) Período imediato: Vai até o 30º dia e apresenta-se com aspecto pouco visível. Alguns casos apresentam discreta reação aos pontos ou ao curativo.
B) Período mediato: Vai do 30º dia até o 12º mês. Neste período haverá espessamento natural da cicatriz, bem como mudança na tonalidade de sua cor, passando de “vermelho” para o “marrom”, que vai, aos poucos, clareando.
C) Período tardio: Vai do 12º ao 18º mês. Neste período, a cicatriz começa a tornar-se mais clara e menos consistente. Pode haver redução da sensibilidade da pele do abdome, a qual tende a se recuperar ao longo dos meses.
O resultado definitivo da cirurgia é apenas obtido após 12 meses da cirurgia.
Em estudo envolvendo 898 pacientes submetidos a abdominoplastia pós-bariátrica, a taxa geral de complicações foi de 29,8%. (2)
A deiscência da ferida (abertura de pontos) e a formação de seroma (acúmulo de líquido abaixo da pele) foram as mais frequentes e ocorreram em 14,6% e 8,7% de todos os pacientes, respectivamente.
Trombose venosa profunda (formação de coágulos nas pernas) e embolia pulmonar (coágulo de sangue em vasos pulmonares) ocorreram em 0,6% e necessitaram apenas de tratamento médico. A reintervenção cirúrgica para complicações foi necessária em 4,1% dos casos.
Em estudo envolvendo 25 pacientes submetidos a abdominoplastia pós-bariátrica, a higiene, a mobilidade e a capacidade funcional geral melhoraram em 68%, 72% e 80% dos pacientes, respectivamente (3).
1. Knackstedt R, Oliver J, Gatherwright J. Evidence-Based Perioperative Nutrition Recommendations: Optimizing Results and Minimizing Risks. Plast Reconstr Surg. 2020 Aug;146(2):423-435. doi: 10.1097/PRS.0000000000007004. PMID: 32740600.
2. De Paep K, Van Campenhout I, Van Cauwenberge S, Dillemans B. Post-bariatric Abdominoplasty: Identification of Risk Factors for Complications. Obes Surg. 2021 Jul;31(7):3203-3209. doi: 10.1007/s11695-021-05383-0. Epub 2021 Apr 2. PMID: 33796972.
3. Larsen M, Polat F, Stook FP, Oostenbroek RJ, Plaisier PW, Hesp WL. Satisfaction and complications in post-bariatric surgery abdominoplasty patients. Acta Chir Plast. 2007;49(4):95-8. PMID: 18306644.
Publicado em: 31/10/2022
Revisado em: 31/10/2022
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